Meninos….eu vi !!! 50 anos atrás.
Tinha 2o anos e tinha uma outra vida da qual guardo as melhores recordações. Já tinhamos o privilégio de ter em casa uma TV a cores e pudemos apreciar um espetáculo inesquecível com aquela seleção gigante que começou com a liderança de João Saldanha que convocou um time de feras. Incompatibilizado com o presidente militar de Médici foi desligado da seleção as vésperas da Copa do México e quem ocupou seu lugar foi Zagalo que foi da seleção vitoriosa de 58 na Suécia. Este time de feras dentre eles Pelé, Carlos Alberto, Jairzinho e Gerson e tantos outros no deram certamente o melhor espetáculo de todas as copas que assisti.
Foi algo diferente. Um futebol maravilha e que levou o time a grande final. A Avenida Sampaio Vidal foi totalmente tomada por carros, todos comemorando aquela conquista histórica do Tricampeonato e que colocou o Brasil como a terra do futebol. Eramos então considerados imbatíveis. Foi muito emocionante . Eu morava em um edifício de apartamento na mesma avenida já referida e junto com alguns amigos ficamos admirando e até hoje quando me lembro, sinto um certo arrepio pelos sentimentos que me tomaram. Algo totalmente inexplicável.
Decorridos 50 anos deste momento, minha memória retorna à aquele dia. Foi possível por alguns minutos esquecermos de um regime militar que desde 68 tinha endurecido muito e o evento de certa forma fez todos nós esquecermos um pouco das agruras de um regime forte e com poucas liberdades.
“Em 1970, quando se fez a primeira transmissão de TV em cores no Brasil (Copa do Mundo do México, com o Brasil Tricampeão), pela EMBRATEL, em caráter experimental e fechado, para um público seleto, iniciando uma nova divisão social entre os que podiam trocar seu velho aparelho pelo colorido e os que tiveram que manter a relíquia em preto-e-branco. Já ia então à larga o “milagre brasileiro’’, e os jogos da Copa do Mundo no México, primeiro programa a ser exibido em cores no Brasil, foram também o primeiro congraçamento patriótico da raça feito pela TV.(Wikepedia)
Uma coisa que me ficou também foi a figura de João Saldanha, que na essência, sem demérito de Zagalo montou aquele time vencedor demonstrando que suas escolhas foram fundamentais para superarmos o fracasso de 66.
Este momento marcou profundamente a minha visão fazendo admirar muito o “futebol arte” e “coletivo” que ao longo do tempo foi-se transformando em um futebol “técnico” e totalmente individualista.
Se o futebol um dia voltasse a ser futebol arte creio que as novas gerações talvez pudessem ver o mundo de outra forma.